O Fim da Ilusão, para um começo de esperança

Não deixem de acompanhar em directo o fim da ilusão de que o Estado funciona para nos proteger. Pode haver quem ache, numa espécie de regressão à infância, que vem com o pânico, que este é momento para dizermos todos coisas muito positivas, e sermos todos muito amiguinhos, estilo programa da Cristina. Comigo não contam para a política de afectos – é que ela não salva nem vidas nem a economia das famílias. Vejamos a crónica da incúria, seguida de propostas concretas:

Hoje, 3 meses depois da epidemia ter começado, descobriram quantos ventiladores havia no país. Vejam, estes Governos, que afirmaram durante anos ter planos de contingência para grandes terramotos, maremotos, terrorismo, fazem parte da NATO, aliás, não sabiam até à data de hoje quantos ventiladores o país tinha…

Recebo a cada minuto os testemunhos dos trabalhadores aflitos, em bancos, call center, fábricas a explicar que não há desinfectante, luvas e máscaras, são dezenas juntos a trabalhar – a Ministra mandou-os trabalhar. Se for decretado o Estado de Emergência é para obrigar estas pessoas, que se recusaram, como na Auto Europa, a trabalhar porque elas não querem ir trabalhar, querem ir para casa proteger-se e proteger os seus. Podiam e deviam reconverter fábricas para produzir e auxiliar os médicos e pessoal de saúde. Em vez disso mandam as pessoas, “desde que menos de 100”!, irem para as empresas fazer coisas como vender seguros, ou fabricar talheres, aviões nas OGMA e caixas de plástico em Vila Franca!

Os Hospitais privados, em vez de requisitados pelo Estado, já se ofereceram para tratar os doentes não urgentes, que dão lucro; os do COVID não, é muito caro…a Ministra já disse “sim senhor, vamos fazer um contrato de contratualização” – a sua especialidade é gestão da saúde. Tudo isto em vez de os colocar sob comando do Ministério da Saude. Sim, andamos a mandar quem não deve trabalhar, mas não a requisitar os hospitais e laboratórios privados. Tudo é embrulhado num vago “somos uma rede”, ocultando que já pagámos estes hospitais, que foram construídos com a recapitalização da banca, que salvámos, e agora ainda lhes vamos pagar para tratarem os doentes não urgentes – é a “rede”, a rede que os salvará da falência porque com a situação actual de paragem produtiva iam à falência. Sim, o Ministério da Saúde não requisitou os hospitais privados, como fez o Governo espanhol, fez uma “contratualização” para os salvar da falência, em plena pandemia.

Não venham com o argumento da calamidade natural: Macau, Coreia do Sul, esta com milhares de infectados, reverteram a situação. Portugal – e toda a Europa – foi de uma incúria política que não pode ser mascarada na ideia de catástrofe natural. Mais, aqueles países não tiverem tempo, como nós, de reagir passados 3 meses. Incuria política fizeram de um virus uma potencial calamidade para os serviços de saude e a economia das famílias. Os responsáveis têm nomes, e o que mais fazem é mandar-nos lavar as mãos, enquanto lavam as deles de tomar medidas urgentes e séria.

Hoje mesmo, a empresa privada que gere o porto de Lisboa, porto público, vetou o acesso a todos os estivadores e, aproveitou a onda da crise para fazer um belo negócio – despediu todos os estivadores sumariamente. É o início do que vão fazer centenas de empresas. Neste caso do porto de Lisboa é simplesmente de onde saem os mantimentos para duas ilhas, de que dele dependem, a Madeira e Açores. Que fez Costa? Fingiu que não sabe – alguém que faça o serviço sujo, se não olharmos talvez ninguém saiba que existiu…Nem se fala, xiu…Orwell, aqui.

Sei que é hora de encontrarmos esperança. Desculpem, isto não é o programa da Cristina, nem os passeios de Marcelo. É a vida de todos nós! A esperança tem que ter pernas firmes, se não é um livro de auto ajuda. Puro engodo. O tempo de mentirmos a nós próprios acabou. Nada de bom se pode reerguer com este nível de governantes, que andam entre o cinismo visível a olho nu e a total incompetência. É hora de sermos sérios. Calmos, sérios, procurar soluções. É hora de perceber quem não tem soluções e começarmos a pensar rapidamente em quem pode ter: é preciso com urgência nacionalizar o porto de Lisboa, garantindo os 300 estivadores que assumem o abastecimento; requisitar hospitais privados e laboratórios, colocando todos no comando do Ministério da Saúde, como fez Espanha; comprar ventiladores, ao preço que for necessário; Introduzir já as carreiras médicas na saúde; pedir às fábricas têxteis do país que produzam fatos, sapatos, para proteger os profissionais de saúde e o que mais for necessário; reconverter as fabricas de plásticos e outras para material médico, inventem! criem! respondam a quem está lá a salvar vidas pondo a sua em risco; é preciso proibir todo e qualquer despedimento e nacionalizar com retenção de capitais todas as empresas que o façam. Ou estamos à espera dos escombros?

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