Segundo a Lusa, novas licenças para descarga de efluentes no Tejo já foram enviadas para as três indústrias do papel, de vila Velha de Ródão, entre as quais para a Celtejo.
A APA refere que os termos das novas licenças para as empresas consideram a necessidade de os operadores se adaptarem às consequências das alterações climáticas, em particular aos fenómenos de seca e ao seu impacto na qualidade das massas de água.
Em todas estas licenças, adianta a APA, é determinada uma redução da carga poluente em relação às anteriores e a criação de um período excecional, decretado pela Agência, sempre que as condições meteorológicas ou as condições qualitativas e quantitativas do meio recetor – o rio Tejo – o exigirem.
Estas determinações vêm comprovar o que o Bloco há muito vem dizendo: a Celtejo tem vindo a poluir acima do compatível com a sobrevivência do Tejo e terá de reduzir os efluentes lançados no rio.
No entanto, ainda há escassos meses, um Projeto de Resolução apresentado pelo BE, recomendando ao governo a imposição dessa redução, foi chumbado no Parlamento pelos votos de PS, PSD, CDS e PCP.
As novas licenças, mais restritivas, vêm também comprovar a cumplicidade da APA com o crime ambiental, pois só agora impôs reduções, apesar das sucessivas descargas, da mortandade de peixes, das evidências aos olhos de todos e das inúmeras denúncias, anos a fio.
O diretor da APA, primeiro responsável por esta cumplicidade criminosa, deverá ser demitido, como exigiu o BE. A sua manutenção no lugar mostra o peso do lobby das celuloses junto do governo.
Fica ainda mais à vista a total insustentabilidade do processo judicial intimidatório lançado pela Celtejo contra o ambientalista Arlindo Marques. Este é acusado de “difamar” a empresa por ter afirmado que esta polui — como se confirma.
Foto: semanário “O Ribatejo”