Bloco, Podemos e France Insoumise debatem futuro da PAC em Múrcia

O VIII Fórum sobre Agricultura e Sustentabilidade Rural juntou neste fim de semana representantes políticos do Bloco de Esquerda, Podemos e France Insoumise num debate sobre modelos de política agrícola e alimentar para um projecto de desenvolvimento sustentável e democrático na Europa pós 2020.

Victor Pinto do Bloco de Esquerda, Laurent Levard da France Insoumise e Fernando Fernández do Podemos destacaram a capacidade de coordenação e a união de esforços dos três partidos, trabalhando em conjunto para a concretização de propostas apostadas na soberania alimentar, na melhor distribuição das ajudas europeias, na defesa do mundo rural vivo e na transição ecológica do futuro, ideias reiteradas num pequeno vídeo por Maria do Carmo Bica, do Grupo de Trabalho da Agricultura do BE, previamente enviado à organização do evento.

Na apresentação das condições e necessidades particulares de cada país, Victor Pinto destacou a necessidade de se acabar com a desigualdade na distribuição das ajudas em Portugal, onde os grandes proprietários, muitas vezes desligados da produção, são quem recebe a maior fatia dos fundos, ao invés dos pequenos agricultores familiares que, embora responsáveis por providenciarem a maior parte dos produtos alimentares do país, se vêem arredados dos apoios europeus. Destacou ainda as diferenças entre Portugal, Espanha e França no que concerne à idade média dos agricultores e as dificuldades na organização dos pequenos produtores, nomeadamente por falta de informação e presença institucional e pelos entraves à constituição de organizações de produção. Foi avançada também a proposta da majoração dos apoios às mulheres agricultoras nas futuras candidaturas a projectos europeus.

As três organizações, estando de acordo com a ideia de que os futuros regulamentos da PAC poderão permitir uma boa margem de opções no que concerne à forma como cada país irá orientar a distribuição das ajudas, reiteraram as principais linhas que representam o fortalecimento da agricultura europeia: a defesa de uma distribuição mais justa e adequada dos apoios, com destaque para a prioridade para a agricultura familiar; a necessidade da regulação pública dos mercados; o encaminhamento das políticas e métodos de produção para modelos mais seguros e sustentáveis ambientalmente e a dignificação do trabalho rural.

Recorde-se que os três partidos apresentaram no final de 2018 um manifesto por uma nova PAC, no qual baseiam as suas linhas orientadoras apresentadas agora em Múrcia, mas também já reveladas em Santarém, no passado mês de Outubro, numa iniciativa da responsabilidade do Bloco de Esquerda.

Notícia originalmente publicada em Esquerda.net

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