O Brexit, o Chauvinismo, O Capitalismo e a Extinção – Tem tudo a ver

Se nada fizermos para extirpar a visão ultraliberal capitalista de desenvolvimento, do mundo, seremos, a breve trecho, nós (e eles- a não ser que fujam para Marte ou vão jogar golf para a Lua), os extirpados.

A maior ambição dos direitistas europeus a Leste com responsabilidades políticas, mas sem berço e sem recursos próprios (comparados com aqueles que defendem), já não é só a ambição de entrar nas portas giratórias entre a política e um lugar nas elites financeira e económica – em maior ou menor grau. Aquilo que os vai movendo é um ataque sombrio e permanente às aspirações de justiça social e igualdade de oportunidades, tal como em Portugal. Já ousam acirrar as populações contra a estabilidade interna da EU, pondo em causa os “Valores Fundamentais”, atacando o Estado de Direito e devolvendo a si mesmos a legitimidade para o regresso da barbárie.

Reforçado à direita com a aquisição “Italiana”, o Grupo de Visegrado cavalga, também, uma revanche nacionalista xenófoba em oposição à politica europeia para as migrações.

A maior das questões volta a ser a das fronteiras. Antes, a violação das fronteiras era o equivalente a uma declaração de guerra; neste caso, foi a livre circulação que deu argumentos aos agitadores, para quebrar acordos e pôr em causa os valores fundacionais da UE.

O Brexit é em tudo uma utopia: radica numa troca de papéis entre o colonizador – Inglaterra – e o colonizado – os States (que chegam ao cúmulo de aconselhar uma saída litigiosa para poderem, depois, valer-se duma desamparada e velha Albion), esperando aquela que estes a amparem na queda; e é fruto de um reavivar extremo do isolacionismo, em contraciclo com a imparável tendência de mundialização, esta sim, responsável pelo atear da sensação de insegurança.

As reacções primárias e feudais quer a Leste quer a Ocidente demonstram quão frágeis são os argumentos universalistas e civilizacionais quando esbarram na sensação de insegurança ; demonstram, também, que, apesar das reacções colectivas enfunadas de coragem (nós somos Charlie Hebdo, nós somos isto, nós somos aquilo) após cada atentado, o terrorismo soma vitórias, consegue ameaçar a liberdade e agitar a parte primitivista das populações temerosas ao ponto de fragilizar, até, a França, que, como todos sabemos (e os terroristas também), é ( sê-lo-á sempre?) a grande reserva libertária no Mundo.

O passo em frente contra a hegemonia americana (numa perspectiva de equilíbrio económico, social e humanista) que a Europa deu com o acordo de Schengen está a ser posto em causa pela exploração do ódio racista. Atiram culpas aos “Compromissos Comunitários” assumidos, movidos por ambivalentes ambições retrógradas e sentimentos nacionalistas desregulados e agendam a política xenófoba interna para acicatarem uma pretensa superioridade adormecida. Pena que os apoiantes não lobriguem esta contumácia social que ameaça a paz mundial e não atinjam a suprema intenção que preside à negação dos valores da Europa solidária e socialmente coesa – a Europa das Regiões (como ao princípio se apregoava). É pena que os instigados direitistas pobres – efeito do anticomunismo primário, do paternalismo anquilosado, da pretensa hegemonia racial e do medo de “invasão” – não façam apelo à capacidade de raciocínio – que a devem ter – e continuem a motivar-se nessa catarse que lesa os seus próprios interesses, na miragem suicidária dos sobreavaliados privilégios atribuídos à segurança e ao isolamento– uma meta que se afastará, sempre que se aproximem.

É pena. Porque se prevalecer esta onda alarmista que esconde interesses hegemonistas dos EUA e a intransigência lunática desta potência face à exigência de uma descarbonização premente , no limite, implicará uma perigosa retirada de direitos e um clima motivador para que se comecem a rasgar acordos e a defraudar compromissos – depois de rasgar o “Acordo Nuclear com o Irão, o” Acordo de Paris” e os anteriores tratados comerciais com todo o mundo, até onde poderá chegar o isolamento chauvinista dos EUA? Retirar-se-ão, como ameaçam, da Nato? Rasgarão a “Declaração Universal dos Direitos Humanos” e a “Carta das Nações Unidas”?

Seremos universalmente penalizados com os recuos na alteração (ecologicamente urgente) dos modelos de desenvolvimento e serão perigosamente arrastados na onda discriminatória todos aqueles que se oponham à cegueira populista, ao consumo irracional dos recursos e ao modelo desenvolvimentista ultraliberal sem regras e sem limites.

Além do mais, e mais importante ainda, iremos cumpliciando o encurtamento do prazo de validade quer da Dignidade como um direito universal, quer da própria Vida.

 

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