Fernando Rosas à TVI: a globalização não acabou

Em entrevista à TVI, o historiador Fernando Rosas recusou a ideia de que estaremos hoje a assistir ao princípio do declínio da globalização. Rosas contraria assim a tese defendida por alguns sectores da esquerda de que estaríamos a assistir hoje a uma suposta “desglobalização“.

Para o fundador do Bloco de Esquerda, ”a globalização é a forma que tomou o capitalismo na época atual. O capitalismo globalizou-se do ponto de vista financeiro, não da melhor maneira, e tornou-se “autoimune”. É uma realidade quase paralela ao mundo político e ao mundo económico.”

Para ilustrar o seu ponto de vista, Fernando Rosas lembra o caso do Irão. “A União Europeia resolveu fazer um acordo de paz com o Irão. Como os Estados Unidos romperam o acordo de paz com o Irão, de repente, o sistema financeiro internacional diz que quem fizer negócios com o Irão está “lixado”, porque não pode recorrer ao dólar, não pode fazer negócios. Há, assim, uma espécie de mundo paralelo, por parte da finança, que esvazia as decisões do sistema político internacional.”

A Fernando Rosas não parece que a globalização tenha acabado, esteja em recuo ou nalgum impasse, apesar da crise pandémica, pois o “sistema financeiro internacional é muito forte”. Na sua opinião “o que está a haver é uma guerra pelo controlo do sistema financeiro e pelo sistema de comércio internacional, por parte do capital financeiro“. “A guerra entre os Estados Unidos e a China é uma guerra pela hegemonia dos sistemas financeiros”.

Imagem TVI

1 comentário em “Fernando Rosas à TVI: a globalização não acabou”

  1. E sim, é verdade! É a globalização dos ‘mercados’ através das grandes potências que dominam as multinacionais, que por sua vez controlam economicamente os países. E quem tiver a veleidade de levantar a voz é de imediato estrangulado. Acabaram-se os tempos das ‘conquistas’ militares; agora é assim que se sufocam os povos.
    Os grandes meios de produção (e aqui, diferente de há um século, incluem-se os serviços) são disputados por grupos económicos controlados directa ou indirectamente pelas grandes potências. A mineração, as águas, as telecomunicações, a produção de energia, as indústrias transformadoras, os grandes operadores dos transportes, as seguradoras, a distribuição ou a banca, são hoje propriedade de grupos financeiros que podem ampliar, reduzir ou até paralisar uma qualquer das actividades que controlam. Um pouco por todo o mundo formam cartel, impõem preços a seu bel-prazer… Quando lhes interessa ou querem lavar dinheiro, podem até liquidar uma actividade e mandar milhares para desemprego e miséria.
    E perante isto, certos governos – como se fossem donos da nação – põem-se a jeito, privatizando tudo o que dá lucro, vendem as jóias da família para apresentar resultados e colocam ou mantêm uma presença fantoche (de preferência bem remunerada) para manter aparências, fingindo que o povo está lá representado e que manda alguma coisa.
    Tem toda a razão Fernando Rosas.

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