Almoço em Lisboa vai celebrar primeira eleição do deputado revolucionário

Nas eleições legislativas intercalares, em Dezembro de 1979, há 40 anos, Mário Tomé, um dos mais destacados militares de Abril, foi eleito deputado pela primeira vez, nas listas da UDP.

Em pleno período de avanço da direita e das forças novembristas, a UDP coloca à frente das suas listas Mário Tomé, um dos subscritores do Documento do COPCON, que tinha sido preso com outros militares na sequência do golpe do 25 de Novembro, em 1975. Libertado a 23 de Abril de 1976, Mário Tomé fica na situação de residência fixa até ser passado compulsivamente à reserva em 1984.

Numa carta enviada à revista Visão, publicada em Abril de 2017,  Tomé referia-se ao 25 de novembro como um “embuste” preparado ao longo de seis meses pelos “moderados” do MFA “com o objectivo confesso de expurgar o 25 de Abril da sua essência revolucionária ou seja acabar com única forma válida, no mundo moderno, de sustentar a credibilidade e a ética da democracia representativa: a participação popular, a vitalidade do espaço público.”

Em 1979, Tomé dirige-se ao Quartel General para entregar o requerimento de passagem a licença sem vencimento e candidatar-se como independente nas listas da UDP.

Integra a Comissão Política da candidatura de Otelo à Presidência em 1976 e é eleito deputado à Assembleia da República em 1979, com a maior votação alcançada até então pela esquerda revolucionária. A sua entrega à luta política no Parlamento é o espelho da sua dedicação às lutas populares, à participação cívica, aos combates pela emancipação do trabalho e contra todas as discriminações,  à “vitalidade do espaço público”.

É eleito, mais tarde, dirigente e secretário-geral da UDP. Participa na fundação do Bloco de Esquerda em 1999 e em 2014 é o mandatário da candidatura de Marisa Matias ao Parlamento Europeu. Mantendo um elevado perfil de participação cívica e política, a Mesa Nacional do BE escolhe Mário Tomé para mandatário nacional nas eleições legislativas de 2019.

A escolha de Mário Tomé assinala não só o seu percurso como militar de Abril e o seu contributo em geral para a esquerda ao longo da sua vida e em particular para a vida do Bloco, como também distingue a sua posição antimilitarista que traduz “um compromisso claro” com a defesa da paz e dos direitos humanos, num contexto em que “o extremismo de Trump representa a ameaça crescente de uma escalada belicista”. Catarina Martins referiu-se nessa ocasião a Mário Tomé como o “Capitão de Abril, construtor da democracia, combatente pela Paz. Revolucionário e feminista.”

Para celebrar a primeira eleição de Mário Tomé para a Assembleia da República, vai realizar-se um almoço comemorativo, no próximo dia 25 de Janeiro, sábado, às 13 horas, na Casa do Alentejo, em Lisboa (Rua das Portas de Santo Antão, 58 ). A Comissão Promotora, presidida pelo militar de Abril Pedro Pezarat Correia, integra mais de uma centena de personalidades que, de algum modo, fazem parte do percurso cívico e político de Mário Tomé.

A iniciativa é aberta, mediante inscrição prévia que já pode ser efetuada (clicar aqui). A lotação é limitada.

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