MOÇÃO “A” PERDE FORÇA E BAIXA DE 83,7% (na XI Convenção) PARA 67,9%
Concluído o processo de eleição de delegados/as à XII Convenção Nacional do BE, a Moção E irrompe na nova correlação interna com cerca de 20% de delegados/as, 66 eleitos/as diretamente, e apoia a eleição de delegados/as nas Plataformas do Algarve e de Coimbra.
A maioria da Moção A sofre uma erosão significativa a nível nacional, perde 16 p. p. em relação à anterior Convenção, o que terá reflexos importantes na composição dos próximos órgãos nacionais do Bloco, não tendo conseguido apresentar listas de candidatura em Portalegre, Guarda e Madeira.
A composição da XII Convenção indica que haverá um reforço da pluralidade interna do Bloco, com a perda de força da hegemonia da atual direção e o aumento de peso relativo de uma alternativa que se afirma a nível nacional e, pela primeira vez, ganha a maioria em distritos como Santarém, Portalegre e Guarda.
Isto apesar da injustificada redução para metade do número de delegados nesta Convenção, o que faz diminuir a participação e a proporcionalidade da representação que acaba por favorecer a maioria, em prejuízo da democracia interna.
Resultados nacionais:
Moção A – 223 delegados/as – 67,9%
Moção E – 66 delegados/as – 19,2%
Moção Q – 9 delegados/as – 2,6%
Moção C – 8 delegados/as – 2,3%
Moção N – 5 delegados/as – 1,5%
Plataforma Madeira1 – 2 delegados/as – 0,6%
Plataforma Madeira2 – 12 delegados/as – 3,5%
Plataforma Interior – 1 delegado – 0,3%
Plataforma Algarve – 6 delegados/as – 1,7%
Plataforma Coimbra – 1 delegado – 0,3%
GT Convergência
17.maio.2021
A destruição da natureza e espécies autóctones em nome da exploração agrícola intensiva, a invasão de áreas verdes pelo imobiliário, a expulsão dos habitantes de pequenas e antigas povoações para conversão em resorts (de luxo ou simplesmente pindéricos), a proliferação de carros e auto-estradas em detrimento dos transportes públicos e da ferrovia, o descarte de lixo tóxico sem vigilância nem regras, a miragem da exploração mineira, a insistência nos aeroportos e transporte aéreo, a rega de campos de golfe que retira água às populações à agricultura tradicional e à de subsistência, a construção ilegal em zonas protegidas, tudo isto está a degradar e empobrecer o país a curto e médio prazo, enquanto os sucessivos governos nos vão dizendo que isto sim é progresso, que gera emprego, que aumenta as exportações e que agrada a quem nos fiscaliza o PIB e impõe quotas de dívida.
Os portugueses estão a ser expulsos das cidades, relegados para as periferias sem qualidade de vida, obrigados a perder horas por dia para ir e vir do trabalho, sem tempo para descanso, sem tempo para a cultura, impossibilitados de acompanhar a evolução dos filhos. Nos serviços, no comércio ou na indústria, os salários são miseráveis e apenas garantem (quando garantem) a sobrevivência, a compra de comida para não rapar fome. A pandemia veio pôr isto bem às claras! Passa-se mal de Inverno, porque a generalidade da população trabalhadora e dos reformados, não tem dinheiro para roupa adequada e muito menos para aquecimento,
Enquanto isto, apartamentos de milhões de euros vendem-se como pãezinhos quentes. Os grupos económicos, o patronato que o nosso governo bem conhece e protege, tem o produto do roubo escondido num qualquer banco suíço ou discretamente disfarçado numa holding sediada nos ‘frugais’ holandeses ou luxemburgueses.
A forma como os sucessivos governos nos desprezam, a corrupção, a destruição do território nacional, a venda do património dos portugueses, só é possível porque não estamos organizados.
O movimento ecológico e a luta anti-capitalista são indissociáveis. Não pode haver reivindicações pelo ambiente, pela qualidade de vida, pelo direito à habitação digna, por contratos e salários justos, sem que haja firmeza inflexível nas palavras e nos actos contra o capitalismo.
Por isso é necessário um movimento coordenado, esclarecendo e mobilizando grupos de estudantes no secundário, nas escolas de formação profissional, nos politécnicos e nas faculdades, nos call centers, nos bancos, nos movimentos sociais, nas autarquias, nas unidades fabris, nas sociedades culturais e recreativas dos bairros, nos grupos de teatro ou de iniciação à fotografia ou cinema, nos sindicatos…
O capital começou a salivar com a ideia do tele-trabalho. Claro! Numa assentada não só vêem reduzir as despesas, como (pensam) a dispersão dos trabalhadores dificulta qualquer acção reivindicativa concertada!
É verdade que o velho ‘jornal de parede’ e a distribuição de panfletos mão a mão, é em muitos casos impossível. As coisas mudaram e a comunicação é uma delas. Mas temos hoje meios mais rápidos e mais eficientes de fazer chegar notícias, denunciar repressões patronais ou actos de corrupção, tal como podemos difundir instantaneamente a convocatória para a manifestação de toda uma classe profissional numa cidade ou até mesmo em todo o país!
Essencial mesmo é o movimento, o esclarecimento e a mobilização; a luta vem do exemplo sem cedências!
O jornalista Paulo Baldaia publicou hoje no DN um artigo de opinião sobre o “recuo do BE” face à nega do PS em deixá-lo subir para dentro da geringoça.
Existe dentro do Bloco uma corrente, agora mais clara e não negligenciável, que está pouco interessada em partilhar o poder com o PS, ou que se regozije com um eventual aumento do número de deputados por achar que isso é determinante para se tornar indispensável numa governabilidade repartida.
O jornalista emite mesmo uma opinião, em jeito de aviso: “Mas se há coisa de que os bloquistas podem estar certos é que a ‘chegada ao poder’ só se faz à boleia do Partido Socialista”.
Ora eu diria a coisa de outra maneira: no dia em que os partidos que têm estado instalados no poder sonhassem que o Bloco poderia vir a ter expressão parlamentar de modo a condicionar, dirigir ou até decidir sobre a governabilidade, unir-se-iam todos para atempadamente alterar a Lei Eleitoral ou até a Constituição; fariam tudo o que fosse necessário – por expediente ou truque legal – para impedir que tal hipótese sequer se pudesse colocar.
Não é com essa expectativa que o BE tem de lutar. Não é ficando com pastas ministeriais que se desmonta e acaba com um sistema que vende o país e que vive da exploração de quem trabalha. A força de um movimento verdadeiramente popular terá de ser tal que torne pouco relevante a percentagem maior ou menor dos seus deputados. Qualquer que seja a composição da AR ela terá, isso sim, de ceder não aos interesses dos grupos económicos que hoje a manipulam e controlam, mas à pressão das reivindicações de quem trabalha e produz.
É por essa “chegada ao poder” que o Bloco lutará.