“Uma Bomba a Iluminar a Noite do Marão”

“Uma Bomba a Iluminar a Noite do Marão”, um livro de Daniela Costa, vai ser lançado em Lisboa, no próximo dia 9 de Novembro,  na livraria Ler Devagar – Lx Factory, pelas 18:30 horas. “Uma Bomba a Iluminar a Noite do Marão” é editado pela Afrontamento.

A candidatura do Padre Max como independente à frente da lista da UDP por Vila Real, na eleições Legislativa de 1976, as primeiras após a entrada em vigor da nova Constituição da República, criou uma grande espectativa na região.

O Padre Max dava rosto, expressão pública e desassombrada, à luta contra o caciquismo reacionário, a pobreza e as injustiças.  A extrema-direita, então organizada no MDLP, utilizou uma bomba para assassinar Maximino de Sousa e Maria de Lourdes que na altura o acompanhava no carro que explodiu.

«Chovia na noite em que mataram com uma bomba um padre e uma estudante, que regressavam a casa depois de terem dado aulas nocturnas a adultos. O caso aconteceu em Vila Real a 2 de Abril de 1976 e as vítimas foram Maximino Barbosa de Sousa, conhecido como Padre Max, e Maria de Lourdes Correia. Reconstruindo este cenário, esta obra ficcional explora as tensões e as ambiguidades das várias personagens que são chamadas a testemunhar. Enquanto umas descrevem a luz com que os protagonistas iluminaram as suas vidas, outras pontapeiam destroços e apontam os perigos que se escondem nas ideias revolucionárias. A chuva, a bomba, a morte e a noite no Marão são factos. A narrativa é uma hipótese.»

Com formação em Ensino de Português, pela Universidade do Minho, Daniela Costa, a autora, conhece bem a realidade de Trás-os-Montes, de onde é originária. Constrói personagens ficcionadas que se colam dramaticamente à realidade. O leitor consegue reviver os anos 70 em Trás-os-Montes, o conservadorismo e o caciquismo, as diferenças sociais, a falta de condições de vida, a emigração, mas também a juventude que luta por uma vida nova, pela democracia e os ideais da revolução que germinam.

Nos dias de hoje, a extrema-direita volta a explorar medos, inseguranças e ódios. Conhecer os seus métodos, as redes e os interesses em que se moveu no pós-25 de Abril  e o contexto económico, social e político em que o MDLP perpetrou e executou o crime que constituiu um dos maiores escândalos da Democracia – a justiça nunca condenou os responsáveis, apesar de identificados – torna da maior atualidade a reflexão sobre o caso Padre Max.

 

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