Tejo invadido por algas. Rio sacrificado aos lucros da Iberdrola

O movimento ambientalista proTejo denuncia a ganancia pelo lucro da Iberdrola, produtora de energia elétrica em Espanha, como uma das principais razões para a invasão do rio Tejo por cianobactérias, de extrema toxicidade e com cheiro de putrefacto, a montante da Barragem do Fratel. A invasão das algas será também o “resultado décadas de descargas de águas residuais sem adequado tratamento e das escorrências de fertilizantes agrícolas.”

Na Nota de Imprensa emitida e que abaixo transcrevemos na íntegra, o proTejo “considera que se encontram reforçados os fundamentos para apresentar uma Ação Judicial contra os Estados Português e Espanhol e uma Queixa à Comissão Europeia contra os governos de Portugal e Espanha assente no incumprimento da Diretiva Quadro da Água, por permitirem uma gestão das barragens para a produção hidroelétrica com critérios meramente economicistas de maximização do lucro que causa uma deterioração adicional do estado ecológico das massas de água do rio Tejo”.

NOTA DE IMPRENSA 27 de julho de 2022

O proTEJO constatou hoje que bloom de algas (de cianobactérias) identificado na barragem de Alcântara em 26 de junho do ano corrente, já chegou ao rio Tejo em Vila Velha de Ródão e irá progredir contaminando todo o rio Tejo a montante da barragem do Fratel.

Este episódio repete o que ocorrido a partir de setembro de 2021, identificado pela APA na albufeira de Cedillo no dia 7 de outubro, que já provinha da barragem de Alcântara, ambas em Espanha.

Este bloom de algas resulta de vários fatores que indicamos de seguida.

Primeiro, a concentração elevada de nutrientes, nomeadamente fósforo, depositados no fundo das albufeiras da Extremadura espanhola, Azutan, Torrejon, Valdecañas, Alcantâra e Cedillo, em resultado décadas de descargas de águas residuais sem adequado tratamento e das escorrências de fertilizantes agrícolas.

Segundo, a ausência de precipitação significativa durante os 10 meses do ano hidrológico de 2021/22 não permitiu a reposição dos baixos níveis de armazenamento gerados pelo esvaziamento das barragens de Alcântara e Valdecañas de cerca de 80% da sua capacidade em 15 de março para cerca de 40% e 21% no mês de junho de 2021, respetivamente, com a finalidade de produzir energia hidroelétrica quando o preço da energia no mercado espanhol estava em níveis bastante elevados.

Lembramos que o governo espanhol colocou um processo de investigação à empresa concessionária destas barragens, a Iberdrola, pela drástica redução de água para aproveitar o elevado preço para multiplicar a sua produção hidroelétrica, cujo resultado é desconhecido até esta data. NOTA DE IMPRENSA 27 de julho de 2022

Terceiro, as condições de temperatura e luminosidade elevadas, que se ocorreram no Verão de 2021, e desde aí até hoje, em que estas barragens armazenavam pouca água em resultado do seu esvaziamento artificial criaram as condições propícias à proliferação deste bloom de algas que também dispunha dos nutrientes necessários.

Neste contexto, o proTEJO considera que o Senhor Ministro do Ambiente e Ação Climática deve exigir explicações ao seu congénere espanhol visto que esta situação constitui um agravamento adicional do estado ecológico das massas de água do rio Tejo em Portugal em incumprimento da Convenção de Albufeira quanto à obrigatoriedade de garantir o bom estado ecológico das massas fronteiriças e transfronteiriças e em incumprimento da Diretiva Quadro da Água que impõe o objetivo de alcançar um bom estado ecológico das massas de água.

Além disso, o proTEJO considera que se encontram reforçados os fundamentos para apresentar uma Ação Judicial contra os Estados Português e Espanhol e uma Queixa à Comissão Europeia contra os governos de Portugal e Espanha assente no incumprimento da Diretiva Quadro da Água por permitirem uma gestão das barragens para a produção hidroelétrica com critérios meramente economicistas de maximização do lucro que causa uma deterioração adicional do estado ecológico das massas de água do rio Tejo e impede que se alcancem os objetivos ambientais do nº 1 do Artigo 4º da DQA ao não assegurar um “regime hidrológico consistente com o alcance dos objetivos ambientais da DQA em massas de águas superficiais naturais” como decorre do documento de orientação nº 31 “Caudais ecológicos na implementação da Diretiva Quadro da Água”. NOTA DE IMPRENSA 27 de julho de 2022

O Tejo e os portugueses merecem mais ação em prol da Vida!

 

Foto do Bloom de algas na Barragem de Alcântara, em setembro de 2021

Créditos da Foto: El Periódico Extremadura

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