Sinn Féin é o partido mais votado nas eleições irlandesas e rompe com o domínio bipartidário da direita

Com a contagem concluída nos 39 distritos eleitorais , o Sinn Féin obteve 24,53% dos votos expressos nas eleições legislativas antecipadas realizadas no passado sábado e 37 mandatos para o parlamento irlandês, a sua maior votação de sempre. Os partidos da direita que tradicionalmente têm dividido o poder, o Fiánna Fail e o Fine Gael, que tiveram, respetivamente, 22,18% – 38 deputados e 20,86% – 35 deputados, perderam votos e mandatos.  O Fine Gael, que detinha o governo, passa de 50 para 38 deputados, e o Fiánna Fail de 44 para 38 mandatos.

Esta vitória do Sinn Féin, liderado por Mary Lou McDonald (na foto),representa uma mudança extraordinária no quadro político irlandês. Nas eleições de 2016, o Sinn Féin tinha alcançado um score eleitoral de 13,85% e 23 deputados. Pela primeira vez, um partido de esquerda que protagonizou a dramática luta contra o domínio inglês, que defende a reunificação das duas Irlandas numa república democrática e socialista, com uma agenda claramente antineoliberal num país com uma economia incensada pelos liberais, ganha as eleições e disputa a possibilidade de liderar uma ampla coligação de esquerda para a formação do próximo governo. Esta possibilidade de coligação contará com a oposição da direita que, no conjunto, tem a maioria dos assentos na Dáil Éireann, o parlamento irlandês.

A líder do Sinn Féin ao longo da campanha dirigiu-se às camadas mais desfavorecidas, aos trabalhadores que não conseguem pagar uma casa  e que vivem na insegurança: “Não vamos ter mais cinco anos de crise na habitação. É algo que não está na agenda. Queremos que as famílias e os trabalhadores tenham espaço para respirar. Segurança económica e financeira e espaço para respirar. Esses são os temas na nossa agenda. Quero falar com todos sobre isso”, disse.

Se a esquerda conseguir uma maioria para formar governo, o primeiro ponto na agenda é a organização de um referendo sobre uma Irlanda unida: “O governo não tem de estar sempre a servir os interesses dos grandes e poderosos. Essa é a nossa posição. Os preparativos para o referendo têm de começar já”, disse Mary Lou McDonald que  anunciou  o início dos contactos com o Green Party (7,13% – 12 deputados), o Labour (4,38% – 6 deputados), o Social Democratic (2,90% – 6 deputados), o Solidarity People Before Profit (2,63% – 5 deputados) e os deputados Independentes (15,39% – 21 deputados).

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