Produtores de leite querem demissão da administração da Lactogal e exigem intervenção do Governo

Mais de quinhentos de produtores de leite pediram hoje a demissão da administração da Lactogal, empresa agroalimentar especializada em produtos lácteos, que acusam estar a prejudicar o setor que este ano já perdeu mais de 160 explorações de leite ao mesmo tempo que exigiram intervenção do Governo para regular o sector.

A luta destes pequenos produtores inscreve-se na resistência contra a concentração de capital no setor, incentivado pela liberalização do mercado imposto pela UE com o fim das quotas leiteiras, que está a levar à ruina centenas de explorações familiares e à invasão do mercado português por leite e outros produtos lácteos importados.

O deputado Pedro Soares (BE) participou na manifestação em solidariedade com o que considera ser uma justa luta dos produtores e, convidado a intervir, acusou o ministro da Agricultura de estar a sacudir a água do capote ao não se envolver nos problemas do sector. Para o bloquista, que prometeu chamar Capoulas Santos ao Parlamento no arranque da sessão legislativa, em Setembro, a tutela tem no mínimo o dever de sentar os protagonistas da produção, da indústria e da distribuição à mesa, para tentar um acordo que garanta viabilidade destas pequenas explorações e uma melhor distribuição do rendimento.

Pedro Soares garante que o BE chamará ao Parlamento o Ministro da Agricultura, Capoulas Santos

Pedro Soares referiu ainda que “sabíamos que a liberalização do mercado do leite com o fim das quotas na UE em 2015 daria no aumento da pressão sobre os pequenos produtores para abandonarem a atividade. O que se torna inadmissível é a Lactogal colaborar nessa pressão diminuindo o preço pago por litro à produção e o Governo dizer que nada tem a ver com isso.”

O presidente da Associação de Produtores de Leite de Portugal (APROLEP) e as várias centenas de produtores de leite pediram a demissão de Casimiro de Almeida, o presidente da administração da Lactogal, acusando-o de “ganhar 60 mil euros por mês”, mas não saber preparar o setor para as “exigências do mercado” e deixar que as explorações encerrem.

“A Lactogal normalmente não fala com ninguém. Com os produtores muito menos. Isso só mostra que aquela administração está obsoleta”, acusa Jorge Oliveira, considerando que aquela administração tem de ser “mudada” e tem de “tomar outro rumo”.

A administração da Lactogal é nomeada pelas direções dos três agrupamentos de cooperativas que lhe deram origem em 1996. Funciona como uma empresa quase monopolista e tem tido um comportamento que não protege os pequenos produtores.

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