Políticas ambientais são políticas de saúde pública

Está a decorrer uma conferência internacional das Nações Unidas sobre políticas ambientais a nível global (COP24), sem entrar em detalhes sobre o que estará a ser discutido e em que moldes, é uma boa altura para refletir sobre a urgência das políticas ambientais.

O ambiente tem tendência a ser olhado como se fosse uma questão secundária, de menor importância, há sempre aquelas pessoas que dizem que o importante é o crescimento económico, ou a saúde. Contudo, os problemas ambientais têm de ser resolvidos com urgência e encarados como prioridades.

A forma mais simples de demonstrar que as políticas ambientais são fundamentais, é demonstrar que essas mesmas políticas são necessárias para a saúde pública e julgo que quem concordar com essa ligação, que vou tentar mostrar, não poderá negar a relevância e urgência da proteção do ambiente.

É por haver esta ligação, que a Organização Mundial de Saúde colocou a defesa do ambiente como uma prioridade para o século XXI. Indicando, como exemplo, que a redução da poluição atmosférica, por si só, seria capaz de reduzir um milhão de mortes por ano.

Esta redução urgente e drástica, poderia, por um lado, reduzir o passo do aquecimento global, diminuindo logo de partida a quantidade de cheias catastróficas, que já produzem milhares de refugiados climáticos, podia reduzir os episódios de seca extrema que em alguns países pode ser catastrófica, e ainda podia reduzir a poluição atmosférica no geral, reduzindo, por sua vez, a prevalência das doenças respiratórias.

Parece-me mais importante que o lucro dos grandes grupos privados. Uma forma menos óbvia de reduzir emissões destes gases é através da diminuição do consume de carne, consumo esse que é excessivo e superior ao saudável, comer carne em todas as refeições é desnecessário.

Outras formas de reduzir gazes de efeito de estufa é usando menos o carro e mais os transportes públicos, ou melhor ainda, andar mais a pé, de bicicleta… o que, simultaneamente, promove hábitos de vida mais saudáveis e menos sedentários.

Algumas das principais causas de morte a nível mundial estão diretamente associadas a hábitos de vida sedentários e as medidas ambientais a esse nível são fáceis, acessíveis e fazíveis a nível local.

Além dos gazes de efeito de estufa e do aquecimento global, a redução da poluição da água também é fundamental, já existem os métodos todos de prevenção e resolução de episódios de poluição de água, não faz sentido ainda haver rios, lagos e oceanos em estados deploráveis, prejudicando a saúde de quem se alimenta de peixe e de quem usa a água.

Prevenir a qualidade da água poderia poupar muito dinheiro a quem trata da saúde pública.

De novo, parece-me muito mais importante que o lucro de alguns grupos privados.

A manutenção da biodiversidade é importante, por exemplo, para a bioprospecção de novos medicamentos e para a resiliência dos ecossistemas que nos fornecem alimento e recursos para… vivermos. Não é coisa de pouca monta.

Apertar com a regulamentação ambiental é a resposta mais racional para ajudar a mitigar imensas questões da saúde pública, o lucro que as empresas exploradoras da Terra perdem com essa regulamentação, ganha a população mundial, como um conjunto, em saúde e até mesmo na economia.

Esperemos que as/os líderes mundiais se consigam consertar num plano de políticas ambientais efetivas e urgentes, a saúde pública seria a primeira a ter benefícios. Até lá, temos de continuar a insistir para que as mudanças sejam feitas.

 

Para quem tiver interesse:

https://cop24.gov.pl/news/

https://apps.who.int/iris/bitstream/handle/10665/276405/9789241514972-eng.pdf?ua=1

https://www.who.int/news-room/facts-in-pictures/detail/health-and-climate-change

 

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