Patrice Lumumba (1925–1961)

O dirigente anticolonial congolês foi assassinado há 58 anos com intervenção do governo belga e da CIA

Patrice Lumumba foi o primeiro-ministro de um Congo acabado de se libertar da potência colonial. Assassinado em 1961, tinha 36 anos e uma vida de luta pela libertação do seu povo. Esteve preso pelas autoridades coloniais. Quando saiu da prisão em 1958, fundou o Movimento Nacional Congolês. Combateu o colonialismo e o racismo belgas, apelou incondicionalmente à independência e exigiu que os vastos recursos do Congo, explorados pelas empresas multinacionais belgas e norte-americanas, fossem colocados ao serviço do desenvolvimento do país e das condições de vida do povo congolês.

A monarquia belga teve enorme relutância em admitir a independência do Congo. Após uma vitória decisiva do Movimento Nacional Congolês nas primeiras eleições democráticas, Lumumba foi eleito primeiro-ministro.

A 30 de junho de 1960, Dia da Independência, Lumumba fez um discurso desassombrado, na presença de um rei belga que elogiou o regime colonial e aconselhou o novo governo congolês a “não comprometer o futuro com reformas apressadas.”

Lumumba desafiou o protocolo, subiu ao palco e denunciou a história da opressão colonial e apelou aos congoleses para se unirem na construção de um novo país de liberdade e de garantias políticas, em que os recursos naturais passem a beneficiar o seu povo: “Vamos fazer com que as terras do nosso país natal realmente beneficiem os seus filhos”, disse Lumumba, acrescentando que o desafio era “criar uma economia nacional e garantir a independência económica”.

O discurso não caiu bem nos ex-colonizadores, nos interesses das multinacionais da mineração, nas elites coloniais locais, nem no governo dos Estados Unidos

Esses interesses encontraram eco num ex-companheiro de Lumumba, o ex-jornalista e agora chefe do exército Joseph Mobutu. Com o apoio da CIA, Lumumba foi capturado pelo exército amotinado de Mobutu e levado para a província secessionista de Katanga, onde foi torturado e assassinado.

A resistência ao golpe militar foi esmagada por mercenários americanos e sul-africanos.

Em fevereiro de 2002, o governo da Bélgica expressou os “seus profundos e sinceros arrependimentos e desculpas” pelo assassinato de Lumumba, reconhecendo que “alguns membros do governo e outros responsáveis belgas na época tiveram uma parte irrefutável da responsabilidade pelos eventos” e que “o assassinato não poderia ter sido realizado sem a cumplicidade de oficiais belgas apoiados pela CIA, concluindo que a Bélgica tinha uma responsabilidade moral pelo assassinato” do dirigente africano.

 

 

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