O simbolismo da Greve Feminista do 8 de março é que lhe dá força!

Há quem não concorde com a afirmação anterior.

Haverá mesmo quem critique esta minha posição, como recuada, moderada ou coisa assim!

Contudo aprendi, ao longo dos anos, distinguir entre os nossos desejos e a realidade que nos rodeia. Se não tivermos em consideração os contextos sociais e políticos de cada momento histórico, podemos traçar formas de ação que satisfazem o nosso ego, mas que não acolhem junto de camadas mais amplas da população.

Também aprendi que os feminismos variam de país para pais, mesmo situados num mesmo continente. Os feminismos no Estado Espanhol tiveram outros percursos diferentes dos nossos!

 Se é certo que as feministas sempre tentaram mudar o “satus quo”, mesmo perante situações desfavoráveis, que foram ousadas e contrariaram quem pensava que não era possível inserir as suas reivindicações na agenda política, também não podemos ignorar que as condições concretas que derivam de percursos históricos enraizados sejam difíceis de mudar de um momento para o outro.

Refiro-me ao sindicalismo em Portugal, cuja predisposição para contrariar as posições das suas centrais sindicais é ainda diminuto. Claro que existem sempre alguns sindicatos não alinhados, mas a sua força é limitada.

 Quando se fala em greve, no sentido real do termo, implica parar o trabalho.

Podemos sempre dizer que este conceito está desactualizado, que necessita de uma outra visão. Decerto que se pode fazer greve ao consumo, ou seja as pessoas nesse dia não vão fazer compras, ou greve aos cuidados ou tarefas domésticas, desde que existam outras pessoas a fazer essas tarefas, em especial os homens.

 E, de facto existem mil e uma razões para as mulheres poderem parar!

Mas pararem, terem consciência da sua força, reunirem-se ao fim da tarde na praça principal da sua cidade, reivindicar os seus direitos é isso que pode dar força a esta greve feminista, juntando-nos às mulheres que, em outras cidades do mundo, também vão estar a sentir a mesma força para lutarem contra as discriminações. Ou seja é este carácter simbólico da greve que lhe pode dar força.

 E todas/os pretendemos que este acontecimento fique marcado na história dos feminismos em Portugal. Para tal, há que ampliar, ampliar,….. Para tal, há que traduzir em linguagem simples, liberta de jargões, o verdadeiro objectivo desta greve feminista: mostrar que as mulheres têm força e que estão dispostas a lutar contra as discriminações impostas por esta sociedade patriarcal e capitalista.

Mostrar ainda, que queremos estar com mulheres diferentes: operárias, imigrantes, lésbicas, trabalhadoras sexuais, mulheres com diversas capacidades, mulheres de diversas etnias, mulheres negras, num grande arco-íris que sairá à rua no 8 de março numa maré feminista.

Se as mulheres param o mundo pára é este slogan que nos deve mover numa greve simbólica que pode ficar na história.

 

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