A relação de forças no Parlamento mudou a favor do PS. A maioria resultante das eleições legislativas 2019 não é absoluta, mas criou um quadro parlamentar que lhe confere grande estabilidade, como consequência de a direita ter tido uma das maiores derrotas de sempre e à esquerda ter havido perda de votos e de deputados.
Para fazer aprovar diplomas e até o orçamento de Estado, a negociação do PS com os restantes grupos parlamentares tem uma grande margem de opções, podendo bastar algumas abstenções para que sejam viabilizados. O facto de o PS ter eleito mais deputados do que a direita em conjunto e também mais do que a esquerda, faz com que uma moção de censura apresentada pela direita ou pela esquerda possa não ter efeito prático. A não ser que essa moção juntasse direita e esquerda, praticamente todos contra o PS.
Com os dados apurados até agora (faltam os 2 círculos da emigração) o PS ganha as eleições legislativas de 2019 com 36,65%, obtém mais 124 mil votos do que em 2015 e ganha 21 deputados. A direita (PSD+CDS) perde 425 mil votos e 22 deputados. À esquerda, o Bloco mantém o número de deputados e perde 57 mil votos, enquanto a CDU recua quase 116 mil votos e 5 deputados. Só o PS consegue capitalizar eleitoralmente os efeitos de 4 anos de “geringonça” e reforçar-se.
Para além do crescimento do PAN que passa a ter um grupo parlamentar, entraram para o Parlamento 3 novas formações partidárias com 1 deputado cada. A extrema direita consegue representação parlamentar e votações na ordem dos 2% em Santarém, Portalegre, Lisboa, Évora, Beja e Faro. A ideia de que a extrema direita estava arredada do país demonstrou-se falsa, comprovando-se a existência de comportamentos racistas e xenófobos que determinam a opção da representação política.
Nem os 4 anos em que o parlamento ganhou grande centralidade no debate e na decisão sobre políticas conseguiram diminuir a taxa de abstenção que passou de 43% para 45,5%. O número de votos brancos e nulos também aumentou.