Mais de 260 participantes encheram por completo o salão principal da Casa do Alentejo, num almoço que celebrou os 40 anos volvidos sobre a eleição de Mário Tomé para a Assembleia da República, como deputado revolucionário da UDP.
Presentes camaradas que compartilham anos e anos de lutas, muitos militares de Abril, dirigentes sindicais, activistas de movimentos sociais, amigos e amigas de Mário Tomé. A iniciativa foi promovida por uma comissão com largas dezenas de membros e presidida pelo general Pezarat Correia.
O almoço decorreu em clima de grande calor humano, celebrando as múltiplas lutas da esquerda, a amizade e prestando uma justa homenagem a Mário Tomé.
Das várias mensagens recebidas, como as da médica Isabel do Carmo e da dirigente sindical Deolinda Machado (CGTP), transcreve se na íntegra a de Otelo Saraiva de Carvalho que, por razões pessoais, não pode estar presente, mas não deixou de associar a esta iniciativa:
“Meu caro amigo Mário Tomé!
Camarada, amigo, companheiro de combates, de vitórias e de derrotas.
São já decorridos 40 anos sobre a tua eleição para deputado e honrosa e digna ocupação do teu lugar no hemiciclo parlamentar da Assembleia da República.
Isolado, a esquerda das distintas esquerdas moderadas, soubeste afirmar te durante o teu mandato o rosto e voz de uma revolução inacabada, com a tua firmeza e convicção na defesa do ideal revolucionário expresso na perspetiva programática do Movimento das Forças Armadas e no preâmbulo da Constituição aprovada e decretada em 02 de Abril 1976, de abrir caminho para uma sociedade socialista , no respeito da vontade do povo português, tendo em vista a construção de um país livre, mais justo e mais fraterno.
Honra te seja feita a Mário Tomé!
E esta singela homenagem que te é hoje prestada é uma lembrança de um tempo vibrante e de esperança que o povo trabalhador do nosso país que o viveu jamais esquecerá.
Forte abraço meu amigo! Do Otelo.”
A propósito desta homenagem, o esquerda.net publicou, no próprio dia, um artigo sobre o percurso político de Mário Tomé, da autoria de Carlos Santos, com o título “Mário Tomé, o grande resistente“. São lembrados “episódios significativos da sua luta como opositor ao regime fascista, militar de Abril, resistente ao neoliberalismo e defensor das conquistas de Abril e do socialismo.” Um dos aspetos salientados é o facto de, no primeiro mandato, ter apresentado na Assembleia da República, em 5 de junho de 1980, o primeiro projeto de lei sobre interrupção voluntária da gravidez. No documento, assinado por Mário Tomé, assinalava-se: “Na sequência das aspirações por diversas vezes manifestadas por largas centenas de mulheres portuguesas e como tentativa de acabar com uma situação dramática para todas elas e vergonhosa para o País”.
Após as duas intervenções da tarde – de Pezarat Correia e de Mário Tomé – houve lugar para a confraternização, com apontamentos musicais e leitura de poemas, com José Fanha, Francisco Naia, Jorgete Teixeira, Francisco Rosa, apresentados pelo ator Luís Vicente, a que não faltou o Cante Alentejano por um coro de mulheres.