Morreu na manhã desta quarta-feira o cantautor e ator Patxi Andión. O artista, de 72 anos, foi vítima do despiste da viatura que conduzia, em Sória (Espanha).
Patxi nasceu em Madrid a 6 de outubro de 1947. Levado para o país basco ainda bebé, voltaria à capital, já com 7 anos.
Comprometido com as lutas dos povos de Espanha pela democracia, criou e interpretou composições célebres como Si yo fuera mujer, La Jacinta e o Canto, estas duas últimas de difusão proibida pelo regime franquista. Aliás, grande parte das suas canções de protesto esteva vetada em Espanha, pela maioria das estações de rádio.
Ao longo da sua vida de cantautor, professor e ator em várias películas, escreveu mais de 500 canções, publicou vários livros de poemas e um romance.
Patxi tinha uma ligação profunda a Portugal e relações estreitas com muitos artistas portugueses. “A minha relação com Portugal, a música e a língua portuguesas é de absoluto amor e uma paixão, que existe desde a década de 1960”, confessou à agência Lusa.Foi amigo de Zeca Afonso, a quem dedicou uma série de concertos (Zeca do Coração), em 2017. De resto, havia sido em Portugal que Patxi gravara o seu primeiro disco ao vivo, Quatro dias de Maio, lançado em 2014.
Antes de 25 de abril, a PIDE impediu a sua atuação e expulsou-o do país por duas vezes. Numa ocasião foi colocado na fronteira de Badajoz, sem a sua própria documentação… Finalmente, a 24 de março de 1974, Patxi Andión atuou no Coliseu dos Recreios, em Lisboa, com a sala completamente lotada. “Foi uma coisa incrível, na minha vida”, disse ao PÚBLICO, em 2009. “Aquela vez era a primeira que eu tinha um concerto grande, em Lisboa. Foi uma noite inesquecível, maravilhosa.”
Sempre mantendo as mesmas preocupações culturais, sociais e políticas, Patxi disse um dia que” um músico nunca chega ao final do caminho”. Tinha razão: ficaram para sempre as suas canções intemporais.