“Em nome próprio e no da memória de milhares de vítimas do regime – de que Salazar foi principal mentor e responsável” – um numeroso grupo de personalidades dirige uma carta aberta ao primeiro-ministro manifestando “o mais veemente repúdio pela criação do Museu Salazar, recentemente anunciado pelo Presidente da Câmara de Santa Comba Dão.”
Entre os proponentes da iniciativa, com forma de petição, contam-se os nomes de Albano Nunes, Alda de Sousa, Carvalho da Silva, Francisco Fanhais, Margarida Tengarrinha, Maria do Rosário Gama, Maria Teresa Horta e Rui Namorado.
Os muitos milhares de subscritores desta petição (ainda aberta) apoiam a carta dirigida a António Costa por 204 ex-presos políticos, apelando ao Governo para que intervenha no sentido de impedir a concretização deste Museu. Tal projeto, afirmam, “longe de visar esclarecer a população e sobretudo as jovens gerações,” prefigura-se “como um instrumento ao serviço do branqueamento do regime fascista (1926 – 1974) e um centro de romagem para os saudosistas do regime derrubado com o 25 de Abril.”
Na carta agora apoiada pela petição em curso, os 204 ex-presos políticos consideram que “o país precisa, não de instrumentos de propaganda do fascismo – que a Constituição da República expressamente proíbe – mas de meios de pedagogia democrática que não deixem esquecer o cortejo de crimes do fascismo salazarista e preserve a memória das suas vítimas”. Apelam ainda “ a todos os democratas e amantes da liberdade que se manifestem contra a criação, nos termos em que tem vindo a ser anunciado, desse memorial ao ditador.”
Foto: pedrosimoes7 on VisualHunt
Só o facto de ter surgido a ideia da criação deste insulto, não só aos que foram perseguidos, obrigados ao exílio e à emigração, torturados e assassinados mas a todo o povo português que se levantou numa verdadeira revolução social celebrando o 25 de Abril, mostra bem a triste situação a que está chegando a nossa democracia