Luís Filipe Tavares Ribeiro, 67 anos, faleceu subitamente no passado dia 3 de Abril, em Lisboa. Ativista do ambiente e do direito à água, com a competência científica e a perspetiva social que o caracterizavam, o Luís Ribeiro marca uma geração de gente ligada ao estudo, à preservação e à sustentabilidade dos recursos hídricos, a nível nacional e internacional.
Deixa uma obra notável, que desenvolveu ao longo de mais de três décadas, nas áreas dos recursos hídricos e da hidrogeologia. Professor associado no Instituto Superior Técnico da Universidade de Lisboa, coordenava vários projetos de investigação nacionais e internacionais, com particular incidência no Norte de África e na América Latina, onde manifestava forte preocupação pela ação das multinacionais na apropriação de vastos aquíferos para exploração industrial intensiva, como no caso mais recente do Aquífero Guarani, na América do Sul.
Luís Ribeiro participou em diversas iniciativas do Bloco de Esquerda, desde a campanha presidencial de Francisco Louçã, em 2006, numa sessão no Oceanário, até ao Socialismo 2018, no painel “Preservar as linhas de água”, onde abordou a questão das águas subterrâneas. Era membro da Associação Portuguesa de Recursos Hídricos, onde presidiu a duas Comissões Especializadas – Águas Subterrâneas e Atividades Culturais – e promoveu dezenas de eventos, filmes, passeios culturais e mostras, divulgou ideias e diferentes hábitos culturais em torno da água no mundo.
Foi um ativista de muitas causas ao longo da sua vida, desde logo pela intervenção relevante nas áreas em que centrava a sua intervenção profissional, sempre com elevado sentido crítico e social e um fino e inteligente sentido de humor. Foi ator e encenador de teatro, cinéfilo e divulgador da 7ª arte, membro dos corpos gerentes do ABC Cineclube de Lisboa. Participou recentemente na formação do movimento “Lisboa Precisa”, que questionou as políticas urbanísticas municipais e a turistificação da cidade, com grande empenho na defesa das condições de vida e ambientais a propósito da expansão do aeroporto da Portela.
Esteve, em 2013, na fundação da Associação Fragas Aveloso (S. Pedro do Sul), de que era vice-presidente, a partir do legado da ativista ambiental Paula Tavares, para a preservação do património ambiental e cultural daquela região de onde o Luís Ribeiro era originário e onde participava ativamente na realização anual do Festival Fragas Aveloso.