Leiria: Suiniculturas matam Rib.ª dos Milagres

A poluição provocada pelas descargas das suiniculturas matou o sistema ecológico da Ribeira dos Milagres, poluiu terrenos e lençóis freáticos.

Por iniciativa do Bloco de Esquerda, a Assembleia da República já recomendou ao Governo que “tome as medidas necessárias para que a construção e gestão de uma Estação de Tratamento de Efluentes Suinícolas (ETES) em Leiria venha a ser assegurada por financiamentos públicos, incluindo Fundos Comunitários em conjunto com dinheiros públicos nacionais, num regime de parceria pública-pública que inclua a empresa pública Águas de Portugal e das autarquias, cujo projeto deve ficar definido no segundo semestre de 2018”.

A recomendação diz ainda que deverão desenvolvidos no terreno “todos os esforços necessários para garantir uma forte fiscalização da atividade suinícola da região, de forma a que os resíduos produzidos sejam efetivamente tratados” e “que seja aprovado, no prazo de um ano, um plano de despoluição do rio”.

A ETES custará cerca de 15 milhões de euros e o Governo deve aproveitar o atual Quadro Comunitário de Apoio, para chegar a 2020 com a obra ou concluída ou em fase de conclusão.

Presidente da Comissão de Ambiente “chocado” com poluição da bacia do rio Lis

Em declarações à agência Lusa, à margem de uma visita ao local por parte da Comissão de Ambiente da Assembleia da República, o deputado Pedro Soares (BE), presidente da Comissão, admitiu ter ficado “chocado” com o cenário encontrado na Bacia Hidrográfica do Rio Lis, onde há um “passivo ambiental de muito difícil resolução”. ” Tudo choca — explicou o deputado do Bloco —, mas fiquei efetivamente chocado com o que se passa nos campos do Lis, nas áreas onde os detritos são depositados: fica tudo queimado à volta. Aquela ideia que isso até pode ser benéfico para valorização dos solos para fins agrícolas não tem sentido”.

Pedro Soares ficou com “uma perceção muito dura do que se está a passar” na região. “Além de toda a situação ambiental visível, está a ser criado um passivo ambiental que vai ser de muito difícil resolução. Não podemos continuar a passar anos e anos consecutivos de costas voltadas para este problema, fingindo que não existe, quando se está a acumular há cerca de 40 anos”.

Os deputados encontraram “cursos de água completamente poluídos” e, na Ribeira dos Milagres, “onde há mais de 200 explorações suinícolas a descarregar diretamente, sem tratamento, os seus efluentes”, reconheceram “um dos casos mais gritantes”. Encontraram ainda solos agrícolas “poluídos com nitratos e metais pesados” e, da Comissão de Ambiente e Defesa da Ribeira dos Milagres, receberam informação de “lençóis freáticos já contaminados, em alguns casos em profundidade”.

“Há um trabalho a fazer, mas não tenho dúvida que vamos pagar bem, todos, os 40 anos de atraso”, afirmou o presidente da Comissão de Ambiente, que partiu de Leiria “mais consciente da realidade grave” que se vive na zona.

 

 

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