Indignação nas ruas no dia 8 de março

Estamos nas ruas no dia 8 de março como sinal da nossa indignação, para dizer bem alto que não queremos mais mulheres assassinadas, que não queremos uma justiça machista que usa os seus poderes para acusar mulheres e ilibar agressores.

Estamos nas ruas numa grande Maré Feminista com muitas associações e colectivos, com a rede 8 de março que convoca a greve feminista, em várias cidades do país. O simbolismo desta greve dá-lhe a força mobilizadora para todas as mulheres: as que não podem fazer greve, as que vão parar naquelas horas em que vão estar connosco nas ruas, as que pela primeira vez se vão juntar porque querem dizer Basta.

Insurgimo-nos contra as múltiplas discriminações de que são alvo as mulheres imigrantes, refugiadas, presas, mulheres de todas as etnias e nacionalidades, mulheres de todas as idades e com diferentes corpos, mulheres com diferentes orientações sexuais e identidades de género, mulheres que prestam serviços sexuais, mulheres com diferentes capacidades

RECLAMAMOS espaços livres de assédio quer seja no trabalho, no espaço público ou dentro das nossas próprias casas. O lugar da mulher é onde ela quiser!

EXIGIMOS o direito a um projeto de vida digno e autónomo onde a gravidez ou o cuidado com descendentes e ascendentes não sejam argumentos escondidos para despedimento ou discriminação.

QUEREMOS uma verdadeira igualdade salarial, ter condições de acesso a trabalho não precário, sem discriminações, sem assédio sexual e moral; exigimos o cumprimento do direito de igualdade das pessoas trans no acesso ao emprego e ao trabalho, tal como decretado na lei nº28/2015.

EXIGIMOS respostas públicas para o incremento de serviços e redes de apoio, tais como creches, lares, cantinas e apoio domiciliário. Por ano, em média, cada mulher perfaz 16 semanas e 40 h de trabalho gratuito, que nem sequer nos é reconhecido nesta sociedade onde se mantém a divisão sexual do trabalho.

QUEREMOS uma educação pública e gratuita não reprodutora de estereótipos e papéis de género, livre de praxes sexistas, homofóbicas e racistas que nos humilham.

LUTAMOS por um mundo no qual a preservação do Planeta e a sustentabilidade ambiental sejam priorizadas, em detrimento da sobre exploração dos recursos naturais e da poluição ambiental levada a cabo por grandes corporações transnacionais, de forma a evitar que os efeitos alterações climáticas e da destruição dos ecossistemas destruam a nossa qualidade de vida, desde já tão precária. As mulheres que dependem directamente dos recursos naturais como as indígenas, as camponesas e as pescadoras de certas regiões do mundo, são as mais afectadas pela destruição ambiental.

QUEREMOS um mundo sem guerras, sejam elas militares, económicas, territoriais ou religiosas. Insurgimo-nos contra os conflitos armados, nos quais mulheres e crianças são tantas vezes utilizadas como armas de guerra. Solidarizamo-nos com os povos ocupados militarmente, oprimidos e massacrados e com aqueles que resistem. Contra o extermínio social e cultural dos povos indígenas!

INSURGIMO-NOS contra a ascensão ao poder de políticos e governos de direita e ultraconservadores em cada vez mais países do mundo. Na Europa os perigos para um grande recuo nos direitos das mulheres já se fazem sentir com o crescimento e subida ao poder de partidos fascizantes.

O dia 8 de março também é, por isso, um dia de protesto contra os populismos, os movimentos neo-fascistas e as tendências reaccionárias que assolam a Europa e todo o mundo.

Este 8 de março vai ser um dia especial para todas/nós.

Em Braga – 18h na Avenida Central junto aos chafarizes

Em Coimbra – 16h30 na Praça 8 de Maio

No Funchal – 17h30 no Centro do Funchal – Largo do Chafariz

Em Lisboa – 17h30 – Praça do Comércio.

No Porto – 18h 30 – Praça dos Poveiros

Em Viseu – 17h, no Jardim Tomás Ribeiro, no Rossio.

Que esta grande Maré Feminista possa representar a força de todas nós a exigir direitos em solidariedade com as mulheres de todo o mundo, conscientes de que “Se as mulheres param, o mundo pára”

1 comentário em “Indignação nas ruas no dia 8 de março”

  1. Bom texto, Manuela. As mulheres têm mesmo de tomar nas mãos o seu próprio destino. E mandar recados não funciona nem com as mulheres nem com ninguém. Já agora, muitas dedicam grande parte da sua energia a crianças, e outros frágeis – como os idosos, os doentes, as pessoas com deficiência ou incapacidade, os mais pobres, os menos poderosos, dentro e fora da família… E nessa lida, bastas vezes as mulheres ajudam a reproduzir o conformismo, o tenha paciência, mansamente ou mais agressivamente, a fazer reproduzir a mesma ordem que as oprime e nos oprime em toda a parte, esquerdas e direitas, vanguardas e retaguardas. Sou apesar de tudo optimista – sei que há passos que parecem pequenos mas que, todos juntos, desenham estradas e avenidas largas para quem vier de pois. Abraço, e viva o 8 de Março.

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