A Tapada de Mafra esteve encerrada nesta quarta-feira em resultado de uma greve de trabalhadores que acusam a actual presidente da direção, Paula Simões, de comportamentos de assédio moral e de destruição do património ambiental. Os trabalhadores exigem a demissão da dirigente, mas o Governo insiste em mantê-la.
Afirmam que “o assédio moral é reiterado todos os dias” e vêem a “Tapada a ser todos os dias destruída” do ponto de vista ambiental em resultado de decisões da actual directora. “Não aguentamos ver esta falta de respeito pelos ecossistemas e por esta Tapada, já para não falar da falta de respeito para com os trabalhadores”, afirmou Margarida Gago, bióloga e delegada do Sindicato dos Trabalhadores em Funções Públicas e Sociais do Sul e Regiões Autónomas que, em conferência de imprensa, referiu que os 15 trabalhadores contratados fizeram greve.
A Autoridade para as Condições do Trabalho tem em curso um inquérito por assédio moral da directora contra os trabalhadores, na sequência de queixas que estes fizeram. Entretanto, segundo o Público, fonte da ACT terá esclarecido à Lusa que esta entidade efectuou uma “acção inspectiva”, na qual “concluiu que havia uma ilegalidade, levantou auto de notícia, que se encontra em fase de instrução, mas ainda não há decisão”, o que só vai acontecer depois de avaliadas as alegações em sua defesa entregues pela directora.
Em Março de 2018, após ter recebido várias queixas sobre violações graves dos direitos dos trabalhadores e atentados ambientais na Tapada Nacional de Mafra, o Bloco de Esquerda pediu explicações ao Governo acerca desta situação preocupante, nomeadamente inquirindo sobre que medidas pretendia o Governo tomar com vista a avaliar as responsabilidades da presidente da direção da Tapada de Mafra e a proceder à sua substituição; que avaliação fazia da proteção ambiental da Tapada de Mafra e que medidas pretendia tomar com vista a corrigir os alegados atentados ambientais, assim como se estava disposto a suprir as carências de pessoal para que se possa acautelar o bom funcionamento da Tapada.
Em resposta enviada dois meses depois, o Ministério da Agricultura afirmava que “o Governo determinou uma inspecção da qual se apuraram algumas disfuncionalidades da responsabilidade da anterior direção da TNM, pelo que não existe qualquer razão objetiva que possa conduzir à demissão da atual Presidente da Direção”. À pergunta sobre o balanço da protecção ambiental do parque, o Ministério respondeu que fazia “um balanço muito positivo”.
Os trabalhadores prometem agora manifestar-se à porta do Ministério. Certo é que, mais de um ano passado sobre as denúncias dos trabalhadores em relação à forma como são tratados pela directora, assim como a alegada falta de medidas de protecção ambiental na TNM, tudo parece continuar na mesma.
A luta destes trabalhadores não é nova e o conhecimento, por parte do Governo, da sua situação é já antiga. Com mais este exemplo, parece estar a formar-se um certo padrão denunciador de que o Governo PS tem imensas dificuldades em lidar com conflitos laborais e a assumir o seu papel de garante da protecção dos trabalhadores, promotor dos direitos do trabalho e do Ambiente.