A Central nuclear de Almaraz, em Cáceres (Espanha), a cerca de 100 quilómetros da fronteira portuguesa. produz eletricidade através da energia libertada pelos processos de fissão nuclear. Começou a ser construída em 1972 e é gerida por três grandes empresas privadas a Iberdrola (53 %), a Endesa (36 %) e a Unión Fenosa (11 %).
O prazo de validade desta Central Nuclear era inicialmente 2010. Primeiro esse prazo foi alargado até 8 de junho de 2020. Agora foi estendido até agora até 2028, agravando os riscos de um grave acidente nuclear
A central de Almaraz acumula um preocupante histórico de avarias e interrupções de funcionamento, algumas bem recentes, em junho passado. Justificam-se, pois, todos os receios pela segurança e saúde pública das populações quer das regiões circundantes, ainda em Espanha, quer das regiões portuguesas mais próximas da fronteira, nos distritos de Castelo Branco, Portalegre e Santarém.
O criminoso adiamento do fecho da obsoleta Central Nuclear de Almaraz, para satisfazer a gula dos proprietários, vem suscitando manifestações de protesto, num e noutro lado da fronteira.
O MIA – Movimento Ibérico Antinuclear admitiu apresentar uma queixa na Comissão Europeia caso o governo espanhol mantenha o funcionamento da Central Nuclear de Almaraz e não realize uma Avaliação de Impacte Ambiental Transfronteiriça.
O MIA, que congrega organizações ambientalistas e instituições portuguesas e espanholas, garante que, caso o governo de Espanha ignore “toda a participação e as expectativas legítimas dos cidadãos de ambos os lados da fronteira” e não realize uma Avaliação de Impacte Ambiental Transfronteiriça para legitimar a eventual continuação em funcionamento da Central Nuclear após 2020, irá “avançar com uma queixa formal à Comissão Europeia, por incumprimento de diversas diretivas e convenções internacionais”.
Também o Movimento proTejo vem exigindo o encerramento da central.
Por seu turno, Luís Pereira presidente da Câmara de Vila Velha de Ródão e da Comunidade intermunicipal da Beira Baixa, considera ser “muito mau quando os interesses económicos se sobrepõem aos interesses das pessoas”, considerando que o governo português “terá aqui uma palavra a dizer”. De resto, Moções exigindo o encerramento da central vêm sendo aprovadas em muitas autarquias mais próximas da zona raiana.
Nada que comova o governo PS que considera estar tudo normal. Os últimos incidentes “não têm significado em termos de segurança”, garantiu o Ministro do Ambiente, na Assembleia da República. Este registo de João Pedro Matos Fernandes leva o jornal Público a considerar que “já incomoda” a “subserviência em relação a Espanha em matéria ambiental”. O jornal pergunta-se inclusivamente de que servirá “ter um ministro com voz de barítono se ele só sussurra quando se vira para Espanha” …
No final de junho, o Grupo Parlamentar do do BE questionou o Governo sobre a existência algum plano de evacuação das populações dos distritos de Castelo Branco, Portalegre e Santarém em caso de acidente na central nuclear. Perguntou ainda pelas diligências do governo para promover o encerramento definitivo. desta central nuclear