Exigem-se alterações urgentes nas condições de transporte de animais vivos a partir dos Açores

Segundo testemunha o Sindicato dos Estivadores e da Atividade Logística (SEAL), num manifesto publicado no seu blogue, o transporte por via marítima de animais vivos com origem nos Açores até alguns portos do continente “resulta sempre numa considerável perda das condições físicas e de saúde de tais animais”.

De facto, o transporte de animais vivos a partir dos Açores, principalmente bovinos, ainda se processa em contentores e em más condições, apesar de ter havido uma evolução técnica nas possibilidades de transporte nas últimas décadas. Porém, de acordo com o SEAL, o transporte continua a “ser realizado em condições deficientes” e, no caso dos Açores, particularmente graves.

Tendo consciência das condições degradantes do transporte e de que a pecuária constitui um importante setor para a economia dos Açores, os defensores do bem-estar animal têm exigido que as condições de promoção desse bem-estar sejam garantidas, nomeadamente no transporte.

Nesse sentido, é reivindicada a instalação de infraestruturas necessárias para que o transporte das carcaças, devidamente refrigeradas, venha a ser a opção a privilegiar em qualquer dos casos, em vez do penoso transporte de animais vivos. Até lá, devem ser garantidas as melhores condições de transporte de animais vivos, desde logo nos transportes marítimos dentro do território nacional, proibindo o transporte em contentores fechados e sem quaisquer condições que ficam a aguardar vários dias nos cais por transporte rodoviário. Além de esta ser uma avisada atitude para proteger a economia açoriana, trata-se, antes de mais e acima de tudo, de uma exigência de respeito pelo bem-estar e dignidade dos animais.

O Bloco de Esquerda entregou recentemente um projecto de Resolução nesse sentido, subscrito pelos deputados Carlos Matias e Pedro Soares, representantes bloquistas na Comissão de Agricultura e Mar na Assembleia da República. O projeto de diploma pretende que se acabe com esta prática de transporte de animais vivos em péssimas condições, que assume particular gravidade no caso da viagem marítima Açores – Continente, recomenda ao Governo que sejam tomadas diligências para ser assegurada formação aos estivadores para operarem os contentores com animais vivos de forma mais adequada; que se garanta condições de bem-estar animal, com acompanhamento veterinário, limitação no tempo da viagem e na espera em cais, a utilização de navios compatíveis com as normas em vigor, que se incremente a fiscalização a este transporte e, por fim, em articulação com o Governo Regional dos Açores, se promova um sistema de abate, certificação, refrigeração e transporte de carcaças que substitua o transporte marítimo de animais vivos.

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