A Confederação Sindical Catalã (CSC) e a Intersindical Alternativa da Catalunha (IAC) convocaram para sexta-feira, dia 18, uma greve geral pelos “direitos e liberdades dos trabalhadores”. Além da paralisação, está prevista uma manifestação que tem como ponto de partida os Jardinets de Gràcia, em Barcelona. Segundo a imprensa catalã, os dirigentes sindicais declararam que a greve geral tem como objetivo “exigir a restituição” dos direitos dos trabalhadores que foram sendo “cortados” nos últimos anos.
Os estudantes decidiram também a realização de três dias de greve, com início na passada quarta-feira e que se estenderá até sexta-feira, coincidindo o final com a greve geral convocada pela CSC e a IAC.
O Supremo Tribunal de Justiça de Espanha emitiu, na passada segunda-feira, a sentença de condenação dos principais dirigentes políticos envolvidos na luta pela independência da Catalunha a penas entre 9 e 13 anos de prisão. O ex-vice-presidente da Generalitat, Oriol Junqueras, professor universitário e dirigente da Esquerda Republicana da Catalunha (ERC), foi condenado a 13 anos de cadeia e a inelegibilidade, acusado de delito de sedição (revolta pública para impedir pela força ou fora dos canais legais a aplicação de leis), má gestão de fundos públicos (pela convocação do referendo) e desobediência. “Não há outra opção senão construir um novo Estado para fugir daquele que persegue os democratas“, disse o dirigente republicano catalão numa carta que escreveu aos militantes a partir da prisão.
Ao todo são 12 os defensores da independência da Catalunha que foram alvo da sentença, acusados de envolvimento no referendo sobre a autodeterminação da Catalunha, realizado em 1 de outubro de 2017, e à posterior declaração de independência pelo Parlamento catalão como resultado de uma expressiva maioria nesse sentido. O ex-presidente do executivo regional Charles Puigdemont continua no estrangeiro e sujeito a um novo “mandado de captura europeu e internacional” emitido no mesmo dia em que foi conhecida a sentença.
Está em curso um autêntico levantamento popular de protesto contra as sentenças que condenam a pesadas penas de prisão dirigentes da luta pela independência. Espanha passou a ter de novo presos políticos nos seus cárceres. O Estado espanhol e o governo do PSOE querem tratar um problema político pela via judicial e pela repressão. A resposta popular já está nas ruas e ganha dimensão e radicalidade. Milhares de manifestantes participam em cinco “Marchas pela Liberdade”, com origem em cinco cidades catalãs – Girona, Tarragona, Vic, Berga e Tàrrega, rumo a Barcelona para se juntarem na sexta-feira, dia de greve geral.
Na última terça-feira, em Lisboa, realizou-se uma concentração frente ao Consulado de Espanha de solidariedade com o movimento de protesto contra as sentenças judiciais a que foram condenados os dirigentes políticos e associativos catalães, em defesa de uma solução política que respeite o direito à auto-determinação do povo catalão.