Convenção Nacional? Nem falar! Maioria da direção teme decisões do coletivo partidário

Foi com surpresa que os subscritores do Apelo à realização de uma Convenção Nacional do BE foram confrontados com o tom irritado e acintoso do comunicado aprovado pela maioria da comissão Política (CP). Um comunicado cheio de imprecisões e toldado por uma “conspirativite” a raiar o absurdo. E, pior, completamente falho de argumentos políticos para a rejeição de uma Convenção Nacional. Um verdadeiro non sense político.

A iniciativa dos subscritores do Apelo procurava restabelecer um clima de diálogo interno e de debate franco, de modo a que fossem tiradas conclusões da sucessão de resultados eleitorais negativos e se pudesse caminhar para um novo rumo estratégico que corrigisse o que levou às derrotas.

Em vez de diálogo, a maioria da CP optou por fechar a porta ao debate e à retirada de consequências e procurar ofender com insinuações descabidas o vasto grupo de subscritores do Apelo. Mais uma vez, a maioria da CP optou por assumir-se como voz de fações e de pequenos interesses de grupo. Revelou-se incapaz de assumir um papel de liderança unificadora da pluralidade do Partido, absolutamente necessária para uma oposição firme ao governo do Partido Socialista.

Em resposta ao comunicado da CP:

1 – Tinha sido estabelecido um consenso na Mesa Nacional (MN), como primeira ação pós-eleições, ouvir os militantes em plenários distritais sobre os resultados eleitorais. Assim foi feito, pelo que não faz sentido alegar que a proposta de Convenção deveria ter sido apresentada logo na primeira reunião da MN a seguir às Legislativas. Após a realização desses plenários e na sequência de ter sido suscitado por vários participantes a necessidade de uma Convenção é que os subscritores avançaram para o Apelo à CP.

2 – Várias Convenções anteriores foram convocadas para períodos coincidentes com os debates do OE. A anterior, XII Convenção, estava marcada para novembro 2020, período de debate orçamental, tendo sido adiada para maio 2021 devido à pandemia. O argumento de que uma Convenção em junho seria um “favor ao PS”, por ser próxima do OE 2022, não colhe. Por outro lado, o período preparatório de uma Convenção é de 2 a 3 meses, tornando-se perfeitamente exequível realizá-la antes do normal período de férias de agosto deste ano.

3 – É falso que “a única coisa que uma Conferência Nacional (que não é eletiva) não permite é a substituição da direção do partido”. Uma Conferência não tem competência estatutária para votar e decidir sobre alteração do rumo estratégico. É dito claramente no comunicado que a maioria da direção não quer tirar consequências dos resultados eleitorais, numa posição de extrema arrogância política e de afastamento da realidade. A expetativa manifestada no comunicado da CP sobre a “substituição da direção” em Convenção é a confissão de que não se sente segura com a situação interna e com a garantia de que obteria a maioria na próxima Convenção. Assim, resta-lhe fechar-se e tentar impedir o debate e a realização de uma Convenção, com medo de mudanças na direção e alienando a vontade democraticamente expressa pelos/as aderentes.

4 – O único subscritor do Apelo presente na reunião da CP foi Mário Tomé, eleito pela Moção E, que votou a favor. Os membros da maioria votaram contra. Os outros elementos que não fazem parte da maioria (de outras Moções) abstiveram-se, não votaram contra. Claro que não foi por estas abstenções  que o Apelo não passou, foi pela rejeição, da exclusiva responsabilidade do secretariado nacional e da maioria da CP, ao restabelecimento de um clima de diálogo e de cooperação no seio do Bloco.

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