Cientistas criam tubo guia biodegradável para regeneração de nervo periférico

Um grupo de investigadores desenvolveu um tubo-guia biodegradável para regeneração após lesões de nervos periféricos, sistema “responsável pela função motora e/ou sensorial”, anunciou a Universidade de Coimbra (UC).

O projeto inovador, que acaba de vencer um concurso europeu, foi desenvolvido por uma equipa de investigadores da Faculdade de Ciências e Tecnologia da UC (FCTUC), com a colaboração da Faculdade de Engenharia do Porto e do Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar, refere uma nota da FCTUC, enviada hoje à agência Lusa.

“Na Europa, registam-se anualmente 300 mil lesões de nervo periférico causadas, por exemplo, por acidentes rodoviários e laborais, danos tumorais ou infeções virais, representando um importante problema de saúde”, afirma a FCTUC, indicando que estas lesões estão “quase sempre associadas a lesões secundárias e, muitas vezes, provocam danos irreversíveis”, como a perda de locomoção.

O novo dispositivo, já protegido por patente provisória, distingue-se por ser “biodegradável de forma controlada, produzido integralmente com material aprovado pela FDA [Food and Drug Administration] e não tóxico e completamente seguro, que cria um microambiente propício à regeneração do nervo, isto é, promove a adesão e proliferação celular”, salienta o coordenador do estudo, Jorge Coelho.

“Outra característica importante é o facto de ser um tubo flexível, de dimensão adaptável ao tipo de lesão do nervo”, destaca ainda Jorge Coelho, citado pela FCTUC.

Depois de implantado no paciente, o tubo-guia de base polimérica “vai indicar o caminho correto para que as extremidades separadas pela lesão (corte) possam juntar-se novamente e retomar a sua função”, explicita o investigador e docente do Departamento de Engenharia Química da FCTUC.

Testada em modelos animais (ratinhos), a solução apresentou resultados muito promissores: “o tubo-guia foi implantado em modelos de neurotmese – lesão do nervo ciático, o grau mais severo de lesão de nervo periférico” – e “pós 20 semanas, verificou-se a recuperação total da função motora e sensorial dos animais”, sublinha Jorge Coelho.

O tempo estimado para a recuperação em humanos será entre 24 e 30 semanas.

Atualmente, as lesões de nervo periférico são tratadas frequentemente com recurso a autoenxertos, método que, afirma a FCTUC, “apresenta muitas desvantagens, como a resistência a sutura e sacrifício de um nervo saudável”.

Este projeto acaba de vencer a final do concurso europeu ‘PhD transition fellowships’, promovido programa EIT Health, através da tese de doutoramento realizada por Catarina Pinho.

 

Notícia com Lusa

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