Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil dá parecer negativo ao aeroporto do Montijo

A Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC) considera que o território do concelho do Montijo onde a ANA/Vinci e o Governo pretendem construir uma nova infraestrutura aeroportuária, complementar à da Portela,  apresenta “suscetibilidade elevada a alguns riscos naturais, designadamente ao risco sísmico e de tsunamis”.

Em análise ao Estudo de Impacte Ambiental do aeroporto do Montijo, a ANEPC refere que o projeto constitui “um importante fator dinamizador para o incremento dos níveis de vulnerabilidade local já existentes que aumentarão de forma muito significativa o grau de risco associado”.

Todo o projeto Portela+Montijo defendido pelo Governo e que favorece os interesses da ANA/Vinci está numa fase crítica. O parecer negativo dos municípios da Moita e do Seixal torna impossível a autorização da Autoridade Nacional da Aviação Civil (ANAC) para o aeroporto do Montijo.

Agora é conhecido o parecer também negativo da ANEPC que vem adensar a crise em que se encontra o projeto que prevê obras para o aumento da operação aeroportuária na Portela e a construção do aeroporto no Montijo que, na primeira fase, serviria para acolher o desvio de algum tráfego do aeroporto Humberto Delgado durante as obras de expansão deste.

Os maiores impactes são ao nível da avifauna do estuário do Tejo e do ruído, conforme prevê o próprio estudo encomendado pela ANA — Aeroportos de Portugal, controlada pela francesa Vinci.  Num estudo elaborado pela rede ambientalista URTICA, o risco de “bird strike” é real e grave. A associação ambientalista Zero considera que aprovar o Montijo é prolongar o Aeroporto Humberto Delgado, em Lisboa, por mais 40 anos, o que se torna incompreensível para uma cidade que está já sobrecarregada com o aumento exponencial de voos, e com o consequente aumento do ruído, da poluição e do risco ao nível da segurança.

Se o Montijo avançar serão despejados na Grande Lisboa mais de 50 milhões de passageiros dentro de três anos — 7,8 milhões via Montijo —, e praticamente duplicará o número de movimentos por hora, que subirá dos atuais 38 para os 72, o que significará mais de um avião (1,2 em média) por minuto a sobrevoar Lisboa.

No próximo sábado, dia 14, pelas 15:30 horas, a plataforma “Mais Aviões, Não!”, que integra organizações como a Plataforma Cívica Aeroporto BA6-Montijo Não, a rede ambientalista URTICA, os movimentos Lisboa Precisa e  ATERRA, as Uniões de Sindicatos de Lisboa e de Setúbal CGTP-IN e Sociedade Voz do Operário, convoca uma passeata para a zona das chegadas do aeroporto Humberto Delgado, na Portela, em protesto contra as obras já em curso para expansão do número de voos em Lisboa, e faz o apelo “Todos ao Aeroporto!”

1 comentário em “Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil dá parecer negativo ao aeroporto do Montijo”

  1. Este Parecer tem ano e meio; isto quer dizer que, mesmo soletrando devagarinho, os governantes já tiveram tempo para o ler. Fingiram que não viram.
    Passaram-lhe por cima com o mesmo impudor com que acham que podem alterar as leis que são um empecilho para os seus interesses, ignoram o que já estava aprovado desde 2010 (esconderam a aprovação sem reservas do NAL quando ‘negociaram’ com a Vinci) e, cinicamente, em vez de terem dialogado em devido tempo com as populações que serão no futuro afectadas pelos caprichos governativos, acenam-lhes agora com recompensas que nesta altura se parecem mais com chantagem.
    Percebe-se porque recusaram acordos à esquerda.
    As tentações absolutistas que lhes ficaram de um passado recente de má memória, reacendem-se sempre que pretendem impor as suas regras e não queriam ser limitados e incomodados nos seus planos! Lamentavelmente o PS, com o autoritarismo que vem demonstrando, mostra que ainda não aprendeu plenamente a conviver em democracia.
    Talvez um chumbo no OE lhes tivesse mostrado que a arrogância pode ser corrigida com pedagogia…
    Admito que haja negócios em curso com construções imobiliárias e expropriações que convém serem irreversíveis e, sabe-se lá, até talvez perspectivas criadas em empresas que serão futuramente eleitas para ‘mitigar’ o ruído, a poluição atmosférica, colocar espantalhos para afugentar as aves, evitar inundações e, num golpe de mágica, transportar por hora milhares de turistas por via marítima para o Cais do Sodré, que será então transformado no local do Mundo com mais tuck-tuck’s por metro quadrado.
    Percebe-se que tudo isso tenha para o governo, digamos… um certo peso.

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