Aeroporto do Montijo: probabilidade de colisão com aves será superior ao anunciado

Segundo um comunicado da URTICA, é “totalmente inadequado” o cálculo do risco de colisão com aves do Estudo de Impacto Ambiental (EIA) relativo ao projeto de ampliação do aeroporto do Montijo.

Para aquela Associação para a Defesa do Ambiente e Ação Climática, a metodologia utilizada no EIA não quantifica os efetivos riscos de colisão dos aviões com aves, devido à metodologia utilizada e ao facto de o radar utilizado não ter coberto zonas críticas de aproximação à pista. A recolha de dados por radar sobre as aves que circulam na área não cobriu inteiramente a zona do Sapal de Coina e não cobriu três quartos do ano a zona de Ponta da Erva.

No caso de operação aeroportuária no Montijo, na aterragem o sobrevoo da zona de Ponta da Erva far-se-ia a 914 m de altitude e o sobrevoo do Sapal de Coina, situado a cerca de 8 km da cabeceira da pista Sul da BA6, a apenas 400 m de altitude, zonas estas correspondentes a muito elevados riscos de colisão e que não foram minimamente cobertos pelo radar.

Com vista a calcular devidamente esse risco, o estudo agora divulgado pela URTICA utilizou “um modelo probabilístico que, utilizando dados do próprio EIA, determina a probabilidade de colisão.” A média previsível de colisões com aves por cada 10.000 voos nos meses de setembro, outubro e novembro será de 19,7 ocorrências, sendo certo que, de acordo com os dados do projeto do Aeroporto do Montijo, prevêem-se nesse período 11.800 voos logo no início da exploração.

Estas conclusões assentam no estudo promovido pela URTICA, coordenado pelo Engenheiro Cardoso Moura, para o qual “a análise de risco de colisão de aviões com aves (bird strikes) realizada no Estudo de Impacte Ambiental (EIA) do aeroporto do Montijo é largamente deficitária, não quantificando de forma real os riscos, apenas ordenando de forma relativa as espécies mais problemáticas”.

Para que não tenha sido feito pelo EIA um estudo probabilístico sobre bird strikes é  alegado que seria indispensável utilizar um elevado conjunto de observações de colisões efetivas para realizar o referido estudo de probabilidades, “o que significaria o absurdo de primeiro ter de construir-se o aeroporto, esperar que acontecessem colisões com aves e só depois é que se apuraria essa probabilidade. Ou seja, foi utilizado um modelo inconclusivo para validar a localização do aeroporto.”

1 comentário em “Aeroporto do Montijo: probabilidade de colisão com aves será superior ao anunciado”

  1. É de facto uma grave lacuna do EIA (disfarçada com sarcasmo pelos responsáveis ao evocarem a necessidade da realização prévia de ensaios reais), sabendo-se que é perfeitamente viável fazer-se uma estimativa com base na população, localização e hábitos de voo das aves (passível de ser feita com elevado grau de certeza) e calculando depois a probabilidade de ocorrência de colisão.
    Continua no entanto a não se falar na poluição atmosférica causada pela queima anual de muitos milhões de litros de combustível sobre os concelhos da península de Setúbal que ficam na rota de aproximação à BA. Não apenas o CO e o CO2 (que alguns fingem querer limitar), como também o SO2, NO2 e micro-partículas responsáveis por problemas pulmonares e cardíacos. Caso os senhores governantes não saibam, o que sai dos reactores dos aviões não fica lá por cima…
    Vai questionar-se o governo sobre a questão da poluição e da sua ‘mitigação’ (só tirando os aviões de lá, acho eu…) ou este é um pormenor irrelevante?

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