Academia Política cigana

O plano para integrar as comunidades ciganas, promovido pelo governo PSD/CDS-PP, não foi bem executado, principalmente na questão da habitação. A monitorização desse plano concluiu ser mínimo o número de pessoas de etnia cigana abrangidas: dos 6 mil previstas só chegou a mil.

Entretanto, o PS, que tem um secretário de Estado de origem cigana, teve dificuldade em integrar ciganos como seus candidatos. Tambémo BE deveria ter colocado uma pessoa cigana em lugar elegível, não só por ser cigano, mas sim por todas as causas que defende, assim como pela capacidade de conseguir argumentá-las.

Se tudo isto acontece, então pode dizer-se que as minorias étnicas continuam a ser alvo de discriminação em Portugal. E não vermos minorias étnicas com representação parlamentar significativa, ainda que sejam mais de 10% dos eleitores portugueses, mostra o tanto que há a fazer!

Mesmo que o Governo disponibilize 30 bolsas universitárias para ciganos, o que é obviamente positivo, o certo é que os Ciganos portugueses se sentem discriminados, até na procura de habitação.

“Poucas são as entidades que já tinham trabalho específico com as comunidades ciganas numa lógica de projeto, de empoderamento e de fomento de participação”, afirmou Catarina Marcelino, deputada socialista e ex-secretária de Estado da Igualdade e da Cidadania. Portanto, neste caso, é recomendável a concessão de mais tempo para execução das iniciativas e ter mais pessoas e associações ciganas a participar nos projetos, principalmente com capacidade de decisão.

Ora, este projeto de ciganos, a Academia de formação, tem como objetivo estimular a intervenção de pessoas destas comunidades nas eleições Autárquicas, sabendo-se que os baixos índices de formação escolar são uma das grandes limitações à mobilização política da etnia. Ainda que não seja a única, como se vê acima, uma vez que o acesso à participação ativa está condicionado por atos de discriminação que tentam desmotivar a participação dos ciganos nas opções políticas e sociais.

Felizmente existem resistentes. Bruno Gonçalves, eleito pelo Bloco de Esquerda para a Assembleia de Freguesia de Buarcos e São Julião, na Figueira da Foz, nas últimas eleições autárquicas, ainda é um caso incomum no panorama político português. Diz ele que a sua presença “causa alguma surpresa”, pelo facto de as pessoas “não estarem habituadas a ter ciganos na política”.

Segundo Catarina Marcelino, que também participou na iniciativa, a Academia de Política pretende incentivar a participação e “estimular-se um maior conhecimento. Não se está a arregimentar pessoas para nenhum partido. O que interessa é que participem. Se é no CDS ou no BE não interessa, que participem é que é importante”, assume e bem Catarina Marcelino.

A Academia de Política integra-se no Programa Romed, que está a ser desenvolvido em Portugal desde 2011 com o objetivo de melhorar a atividade de mediação entre as comunidades ciganas e as instituições. É uma iniciativa da Letras Nómadas – Associação de Investigação e Dinamização das Comunidades Ciganas, em parceria com o Conselho da Europa.

3 comentários em “Academia Política cigana”

  1. E entao tambem podes defender e criar condicoes para pessoas com incapacidade que uma grande parte descontou para o estado e agora anda ás esmolas até para lhe darem uma cadeira de rodas é muito dificil empurram de ass istente para assistente e é assim como funciona a nossa política portuguesa….

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