Em Portugal, durante o ano passado, iniciaram-se 698 processos de despedimento coletivo atingindo 8299 trabalhadores. Segundo as contas do semanário Expresso, estes números representam mais do dobro dos processos e dos desempregados registados em 2019. Neste ano, ainda antes da pandemia de COVID-19, iniciaram-se 308 processos, abrangendo 3720 trabalhadores. Os números do ano passado (2020) estão inclusivamente 5% acima dos processos iniciados em 2014, aquando da intervenção da troica.
Estes números desastrosos indicam que as normas associadas à concessão do regime de lay-off simplificado não conseguiram travar esta sangria laboral, a mais grave dos últimos 7 anos. Ainda segundo o Expresso, continuará a haver, inclusivamente, “empresas a desistir dos apoios e a devolver montantes recebidos, para poderem despedir”.
O desemprego galopante e o corte de salários, como na TAP são face mais gritante da nova austeridade, imposta aos trabalhadores, pelo governo do PS. É contra a nova austeridade que tem de se levantar a resistência laboral e popular.
Grafismo: Expresso. Fonte dos dados: Direção-Geral do Emprego e Relações de Trabalho
Segundo leio, em 2019 foram despedidos colectivamente quase metade dos trabalhadores despedidos em 2020 e as empresas que o fizeram foram também quase metade das que recorreram a essa medida em 2020 (ou será que interpretei mal quando se fala em ‘este ano’?).
Em resumo: em 2019 mais de 300 empresas fizeram despedimentos colectivos por serem ‘não-viáveis’, já que o motivo não foi a pandemia.
Talvez não seja ilegítimo pensar que ‘estatisticamente’ perto de metade das que despediram no ano que findou (2020) também não fossem ‘viáveis’… E esta coisa de viáveis ou não viáveis, como sabemos, tem muitas vezes a ver com ‘expediente’ do patronato para liquidar a empresa e depois abrir com outro nome e outros sócios-fictícios… Fartei-me de ver e acompanhar isso enquanto estive no mercado de trabalho por mais de 45 anos…
Agora que a Banca está a abarrotar de notas (o que recebeu no tempo da troika para se recapitalizar (pela ganância e gestão incompetente), mais o que nós pagámos (e continuamos a pagar) aos srs banqueiros que se abotoaram com o produto do roubo, mais as poupanças que alguns trabalhadores apesar de tudo têm conseguido fazer, estou mesmo a adivinhar que os Bancos vão emprestar novamente a quem era ‘inviável’ para se tornar-se de novo ‘viável’, poder escolher pessoal mais ‘qualificado’, mais novo, mais barato e recomeçar a rapina de novo.
Alguém acredita que o governo (qualquer que ele seja) vai fiscalizar e controlar os empréstimos da Banca + bazucada, aos oportunistas?
Pode ser que eu seja um pessimista, claro…